quarta-feira, 22 de abril de 2009

Devaneios de inverno

"As vezes ando só trocando passos com a solidão...momentos que são meus e que não abro mão..."

Então veio o frio, que chegou mais vagarosamente já que, como não estava trabalhando, não tenho ido a São Paulo, e aqui no litoral o calor é persistente. Mas fato é que o recebi de braços abertos com um prazer intenso jamais sentido com esse experimento. O frio, muitas vezes em minha vida, em meu coração, em minha poesia, foi sinônimo de dor, de solidão, de recolhimento, tristeza, e nesse momento, surpreendentemente tenho o recebido como o silêncio após horas numa festa com um barulho ensurdecedor. Os dias cinzas abriram os braços e vão me acolhendo. Enfim me sinto em casa.
Os pensamento se organizam e parecem que os pedaços de mim a tantos anos perdidos (talvez desde a infância venho me despedaçando) estão se juntando, se reencontrando.
Ainda é uma sensação estranha, tão estranho como gostar, sentir prazer com o frio, é me reconhecer. Eu, com alguns pedaços já encontrados, conseguindo conviver com eles em perfeita harmonia.
Tenho medo, o mesmo medo de sempre...medo de perder o que é bom.
Porque é mágico se achar, porque o ponto de equilíbrio é um lugar onde jamais imaginei conseguir chegar...Mas será até quando? Vou agüentar aqui?
Nunca consegui acostumar a conviver com a pessoa imprevisível que sou. Mas será que realmente sou assim, ou essa é apenas o eu despedaçada. Será que eu com os meus a tantos perdidos pedaços sou quem? Sou alguém? Como saber se nunca consegui saber quem eu era antes.
Só sei que cansava de mim, de todas as mudanças que aprontei, de todos os sentimentos e loucuras que transpunham os poros, saltavam do meu peito e não podiam ser controlados, de tanto descontrole, da falsa maturidade, da falsa eu porque ninguém aceitaria ou suportaria....AAAAaaaa...esquece! Só não quero mais.
Então chegou a calma do frio. Hora de me recolher, de reencontrar os meus, meu lar, minha casa....

terça-feira, 14 de abril de 2009

Sobre o trabalho

No trabalho há algo de belo ligado a satisfação, a realização, mas trabalho sem tesão, trabalho sem realização, vira trabalho mecânico, trabalho repetição, passar os dias...trabalho vira dinheiro e só.
E quantas coisas nas nossas vidas acabam se reduzindo apenas a dinheiro?
Mas trabalho é dia a dia. Acordamos trabalho, e voltamos para casa trabalho...
Resumimos trabalho a dinheiro que é o fator bom que conseguimos pensar logo de cara e escondemos, camuflamos as outras palavras com a qual definiríamos, pois se dermos ouvidos a tais como frustração, tédio, humilhação, entre tantas outras é possível que se desencadeie uma reação não desejada.
Conheço muitas pessoas que escolhem ir vivendo ao invés de questionar. Não se entender, não se escutar, não se conhecer... a falta de conhecimento que ajuda a viver. A ignorância bela.
Estava lendo um conto de Clarisse Lispector sobre uma mulher, dona de casa, que ao avistar um cego mascando chicles da janela do ônibus, ao observá-lo, não conseguia mas ser a mesma. Se viu imersa a uma série de realidades. Fiquei pensando: Aquela mulher aceitava a vida e vivia dia após dia até um fato, o cego, desencadear a verdade, o sentimento.Eu como boa bipolar que sou ( não que isso seja bom) tenho clicks a todo o momento. Simplesmente existe a voz que precisa de um sentido nas coisas que faço, um sentido todo estruturado, porque existe um eu transbordando pelos meus poros e não consigo pará-lo. O cego mora em minha mente e escuto ele a mascar seu chicles.
Estou cansada e de saco cheio de um trabalho inútil, que me paga um bom salário, então, continuo. Há tempos jogaria tudo para o alto e iria embora, mas eu não posso mais agir assim.
Com o tempo, vocês que acompanham esse blog verão que isso é meio contraditório em mim, porque muitas vezes tento me desvencilhar dessas amarras. Mas não é só o que os outros esperam, é o que eu espero de mim também...
A pergunta que já rodou séculos é: o que é loucura???Normal seria aceitar com paz e resignação tudo, a vida. Para isso? Remédio

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O EU em terceira pessoa

Tenho saudade de mim, do EU que um dia fui e, deixado para traz, não volta mais.
Na vida diversas coisas são cíclicas, mas o EU não é. E a vida fez reinventar-me por tantas e tantas vezes que fui deixando para traz alguém que já lembro em terceira pessoa.
Vivo me perguntando se não está escondido por baixo dessa casca grossa. Pois é exatamente o que acontece. No baile da vida vamos vestindo fantasias. Ela, a vida, sedenta para nos enquadrarmos logo, chegando a fazer a adaptação através da transformação uma necessidade vital. Aí está a pureza das crianças! E já não tem mais volta! Temos até marcas e cargas que carregamos e nos vangloriamos por estarmos mais forte, por termos aprendido. Mas seja sincero! Não me diga que foi melhor passar por aquela infinita dificuldade ou por aquela perda dilacerante. Já sobrevivi sim, mas quer saber a verdade? Preferia ter continuado ingênua, com os olhos doces, e menos sábia com certeza (com a sabedoria de menina que basta e pronto)
. Claro que isso não é para mim...rsss... é apenas um pensamento de uma alma que se sente cansada por vezes.Sou estudiosa dos sentimentos humanos. Tenho necessidade de viver, de experimentar, de entrar no mundo do outro. Acho um grande mistério a formação de cada ser particular, cada um em um mundo tão pessoal, e cada palavra dita, cada situação, que as vezes simples aos olhos dos outros a você marcou muito, formaram cada um. (Ao ver um mendigo na rua, um senhor na praça, a moça nervosa no metro eu viajo tentando identificar o que levaram aquelas pessoas ali. Quais são as verdades delas. Uns gostam de julgar, eu gosto de conhecer simplesmente, de entender. ). Mas a vida é uma roda maluca que cansa!
E no fim o que queria mesmo dizer é que tenho saudade de mim....e quando a saudade é de outras pessoas, ou nos conformamos pela morte ou a procuramos, mas esse EU não está nem morto e também me parece impossível encontra-lo

O MAIOR DESEJO DA BOCA É O BEIJO

Preciso de mulheres fortes de mulheres que me envolvem..
Eu gosto dos que sabem, dos que podem
O beijo forte do desejo, dos braços que me agarram
Transito pelos mundos sou várias e permito!
Acordo e dou entrada as vontades que me invadem
Sou todos, sou muitos, e só eu caminho


De repente todos os sons se calaram, e na calma brisa que tocava nossas peles havia uma flagrância doce. Nossos olhos se tocaram, e um frio percorreu o meu corpo me causando êxtase . Deliciei-me naquela sensação de criança de 12 anos apavorada, congelada diante do primeiro beijo. Mas os olhos dela eram confiantes apesar de conter o mesmo brilho. Entre nossas bocas desejo, um desejo vindo da boca e sentido por cada poro do meu corpo, um desejo incontrolável, inefável, devastador. Respiração já ofegante ...e o beijo se fez como uma flor que se abre. E percorreu todo aquele seu minuto forte e lento, doce e intenso.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sentido Contrário

Encontro um vazio dentro de mim ligado intimamente aquela pessoa que não fui, mesmo sabendo que se a tivesse sido me restaria o vazio quanto essa pessoa que sou hoje.
A vontade é de que pudesse ser várias, de viver diversas vidas em uma! Mas temos que aceitar que nos resta escolher; as pessoas que vão apenas passar e as que vão ficar, as histórias, os momentos...a vida. Aquela que escolhemos viver, que sabemos ser ótima, contra aquela que poderia ser talvez tão boa quanto, ou melhor ainda.
Essa outra vida, a que não vivemos, me assombra. Talvez a vontade mais plena e persistente dentro de mim fosse de simplesmente viver sem sentido!! Nada definido. E acredito que você, ao ler essa frase, já ,nem que inconscientemente, sentiu preconceito. Porque a vida cobra, e cobra muito.
Já tive a doce iluzão adolescente de que peitá-la sera fácil. E já até mesmo peitei e levei ao limite (ao meu claro). Mas quer saber? Cheguei a um ponto que não importa. Cansei! O sentido contrário ( ou OS sentidos) cansam.
Se me sinto feliz no sentido em que sigo hoje? Só posso dizer que em paz...Engraçado é que antes, quando tudo era muito difícil, quando não sabia qual ia ser o dia de amanhã e as preucupações eram milhões de vezes maiores do que as que eu tenho hoje, lembro de sentir diversas vezes aquela sensação de felicidade. Aquela que agiganta, que faz parecer que podemos abraçar o mundo e os vazios disaparecem...( espero que você já tenha sentido isso).
Mas como eu disse ... são escolhas...e em cada época a sua, pois conforme vamos mudando, e eu estou constantemente em transformação, nossas necessidades mudam...No momento, mesmo que isso em algumas noites me inquiete, eu precisava apenas de paz...

.... Pois o nome dela agora é saudade e sua paixão virou rio...